terça-feira, 1 de maio de 2012


O QUE É O ATO DE DESENHAR PARA A CRIANÇA?



(...)a arte pode constituir o equilíbrio necessário entre o intelecto e as emoções. Pode tornar-se como um apoio que as crianças procuram naturalmente- ainda que de modo inconsciente- cada vez que alguma coisa os aborrece; uma amiga à se dirigir, quando as palavras se tornam inadequadas. (Lowenfeld, 1954 -p. 19)

    Dentro desse apoio que a arte significa à criança, o desenho certamente é uma das atividades relacionadas à arte que a criança mais cedo recebe contato e incentivo para desenvolver habilidades – tanto pela família como pela escola ou convivência com outras crianças.


    Segundo Luquet, o desenho para a criança é uma forma de diversão; um jogo como qualquer outro(...) convém notar que é um jogo tranqüilo que não exige companheiro e ao qual se pode dedicar em casa tão comodamente quanto ao ar livre (Luquet. 1969 - Pg.15)


    Esse jogo, sob sua aparência desinteressada, é uma preparação para as atividades práticas da vida adulta e nele a criança se aplica com empenho e seriedade, trabalhando e desenvolvendo seu organismo psíquico. (Luquet 1969, Pg.221)


  







OS PROCESSOS MENTAIS ENVOLVIDOS NO ATO DE DESENHAR



    Uma das funções do desenho é evocar a forma, a estrutura, a essência dos objetos e dar forma a lembranças, sonhos, emoções. Eisner observa que a “imagem visual” aspira, não a uma réplica do mundo lá fora, mas aquele mundo muito mais real, que se situa na mente do homem.”(Pillar .1996 - pg. 20)



    Para Luquet (1969), uma das atribuições universalmente citadas, e justamente para o ensino do desenho, é o desenvolvimento do sentido de observação. É certo que, fazendo desenhar a criança, se atrai a sua atenção para motivos que talvez nunca a tenham interessado e do ponto de vista mais geral, não somente gráfico mas psíquico.


Conforme Luquet seja qual for o fato que evoca a representação de um objeto, e a intenção de desenha-lo; o desenho da criança nunca é uma reprodução servil dos objetos pois a criança desenha conforme um modelo interno, a representação mental que possui o objeto à ser desenhado. Tal modelo é traduzido pela linguagem gráfica de duas dimensões, tomando a forma de uma imagem visual e todo esse processo resulta de uma elaboração muito complicada apesar da sua espontainedade.


Já na teoria de Piaget sobre aquisição de conhecimento, a criança, ao se apropriar do real, busca reconstruí-lo em termos de objeto, espaço, tempo e causalidade. Tal reconstrução se faz inicialmente via ação do sujeito sobre objetos concretos e depois se estende para o plano da representação, da simbolização, do pensamento. Ela tem estágios. Se não houvesse reconstrução, reorganização por parte do sujeito, não haveria níveis do desenho. (Pillar, 1996,pg.20)

  
    De acordo com Piaget, “as relações entre o sujeito e o seu meio consistem numa interação radical, de modo tal que a consciência não começa pelo conhecimento dos objetos nem pelo da atividade do sujeito, mas por um estado indiferenciado e é desse estado que derivam dois movimentos complementares, um de incorporação das coisas ao sujeito, o outro de acomodação às próprias coisas.(Pillar, 1996, Pg 20-21)

    Assim, o sujeito, inicialmente indiferenciado do objeto conhecer, assimila, extrai informações do meio e necessita integrá-las, organizá-las num todo coerente. Ele necessita acomodar-se, transformar-se para integrar os novos dados. Tal fato acontece ao desenhar, onde são extraídas informações do meio e estruturadas em sistemas, os quais são modificados, reestruturados para dar conta de novos tipos de representação. (Pillar,1996, Pg.21)




                         


            B. 6 anos                                                                                                                          





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